Crônicas dos Campos Gerais: ‘O xixi do imperador’ | aRede
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Crônicas dos Campos Gerais: ‘O xixi do imperador’

Texto de autoria de Rogério Geraldo Lima, empresário, redator e radialista, Palmeira, produzido no âmbito do projeto Crônica dos Campos Gerais da Academia de Letras dos Campos Gerais
Texto de autoria de Rogério Geraldo Lima, empresário, redator e radialista, Palmeira, produzido no âmbito do projeto Crônica dos Campos Gerais da Academia de Letras dos Campos Gerais -

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Texto de autoria de Rogério Geraldo Lima, empresário, redator e radialista, Palmeira, produzido no âmbito do projeto Crônica dos Campos Gerais da Academia de Letras dos Campos Gerais

O xixi do imperador

O imperador D. Pedro II visitou a Província do Paraná em 1880. Sua Alteza e a imperatriz Tereza Cristina desembarcaram em Paranaguá. Depois foram a Antonina e Morretes antes de subir a serra rumo a Curitiba. Da capital, a comitiva imperial seguiu para Campo Largo. Mas, é depois de completar a subida da Serra de São Luiz do Purunã, nos contrafortes da Escarpa Devoniana, já nos Campos Gerais, que começa a parte mais deslumbrante da visita do imperador à Província.

Mês de maio, outono chuvoso, neblina suspensa e a lama atolando rodados das carruagens. Nas cabines, imperador e imperatriz, bem como demais nobres da comitiva, vestiam seus camisolões brancos de algodão a fim de evitar respingos em seus trajes. Vez por outra, estimulados pelos solavancos das estradas, as paradas serviam para um salutar esticar de pernas e um alívio para as bexigas, nobres e plebeias. Dias após ler sobre a visita do imperador, ouvia Trilhos urbanos, música de Caetano Veloso, quando ele canta: “No cais de Araújo Pinho / Tamarindeirinho / Nunca me esqueci / Onde o imperador fez xixi...”.

Indaguei meus cadarços do tênis: ─ Onde o imperador fez xixi aqui, nos Campos Gerais?

Com o mapa em mãos, fui traçando com a ponta dos dedos o trajeto da comitiva pelas antigas estradas da Província. De Campo Largo até a localidade de Tamanduá, a possibilidade era de a parada ter sido próxima à antiga capela. Porém, o imperador profanaria as cercanias do templo religioso, mesmo com sua urina real? Talvez a primeira parada para o alívio dos membros da comitiva tenha sido nas imediações da portentosa ponte de pedra sobre o rio dos Papagaios, local mais aprazível para Sua Alteza desfazer- se do líquido retido na bexiga.

Meu dedo correu o mapa, tocando em pontos prováveis nos quais o imperador poderia ter feito xixi. Na passagem do rio Tibagi entre Palmeira e Ponta Grossa? Antes ou depois de cruzar o rio Pitangui, entre Ponta Grossa e Carambeí? Logo após a recepção em Castro, nas proximidades da Chácara Bailly? Na ida à Lapa, na passagem da corredeira do Caiacanga, em Porto Amazonas?

Nenhum registro nos diários de viagem, nenhuma plaquinha indicativa. A dúvida e a decepção remetem a questionamentos outros, embora ainda fisiológicos, sobre os alívios de Sua Alteza. Não fosse pela profusão do banal xixi, aqui e ali, com o devido perdão à escatologia, os locais em que o cocô imperial foi ao solo mereceriam ou não placas de identificação para a visitação pública como atrativos dos Campos Gerais?

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