Crônicas dos Campos Gerais: “Namoro por acaso” | aRede
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Crônicas dos Campos Gerais: “Namoro por acaso”

Texto de autoria de Alfredo Mourão de Andrade, aposentado do Serviço Público Municipal de Ponta Grossa

Alfredo Mourão de Andrade é Graduado em Letras/UEPG (1973), Ator Profissional, formado em interpretação e direção teatral, contador de histórias.
Alfredo Mourão de Andrade é Graduado em Letras/UEPG (1973), Ator Profissional, formado em interpretação e direção teatral, contador de histórias. -

Da Redação

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Texto de autoria de Alfredo Mourão de Andrade, aposentado do Serviço Público Municipal de Ponta Grossa

Do alto da singular imponência arquitetônica, velhos casarões de 1920 e lá vai poeira, perscrutam a rotina modificada dos poucos passantes desses dias impensáveis. Elegantes fachadas de estilos europeus observam-nos atentamente através das janelas longilineamente primorosas e disfarçadamente curiosas. Majestosos e emblemáticos apesar das décadas errantes impõem-se soberbos e cheios de personalidade no planalto ponta-grossense, exibindo-se na 7 de Setembro, Marechal Deodoro, Largo da Matriz, Rua das Tropas, Coronel Dulcídio, Balduíno Taques e outros becos mais.

Das calçadas incertas os poucos passantes têm tido mais tempo para deitar olhares de admiração sobre os velhos e persistentes casarões patrimoniais. Olhares pueris, jovens, maduros. Os que peregrinam há quase um século permitem-se marejar os olhos cansados, palpitar os corações atribulados, aquecendo-se às tardias lembranças de momentos únicos.

Da observação estrutural despercebida aos olhos humanos, do olhar emocionado e coração pulsante dos filhos de Deus, nasce uma relação inesperada de afeto. Uma incontrolada vontade de estreitamento, de aproximação indisfarçadamente amorosa. E um novo namoro – nunca tardio! – acontece perturbador e inevitável: a relação do inverso.

Detentores de poder e glamour, narradores do tempo e da história, resistentes à insana especulação imobiliária, nossos casarões soberanos permanecessem serenos e fortes. Enquanto nós, frágeis passageiros dos tempos difíceis, sobreviventes das décadas transformadoras, continuamos a virar páginas e fechar livros de uma existência efêmera. 

Texto produzido no âmbito do projeto Crônicas dos Campos Gerais da Academia de Letras dos Campos Gerais.

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