Editorial
O perigo da água parada e a explosão dos casos de dengue
Da Redação | 26 de abril de 2024 - 01:31
Longe de eximir o poder público pelo aumento dos casos de dengue, é importante reconhecer os erros das comunidades para a proporção dessa epidemia. A população falhou na eliminação dos pontos de água parada em casa. Existem os lugares mais óbvios, que os agentes de combate a endemias localizam com facilidade, como ralos, pratinhos dos vasos de plantas, caixas d’água descobertas ou com tampa quebrada e latas e pneus que ficam no quintal.
Mas, existem também criadouros do mosquito que são menos óbvios, entre eles as lajes expostas e as calhas (canaletas no telhado que recolhem e escoam a água da chuva). Basta que folhas de árvore se acumulem na calha para que a água fique perigosamente empoçada. A esse tipo de lugar, os agentes dificilmente têm acesso, e a solução fica nas mãos dos próprios moradores.
Ontem (26), um dia depois de a Fundação Municipal da Saúde confirmar mais um óbito em Ponta Grossa, dezenas de mensagens chegaram à redação do Portal aRede e do Jornal da Manhã, denunciando armazenamento de lixos em espaços públicos, piscinas desativadas em jardins de residências e muita água parada em calçadas. Todos os casos foram repassados à Vigilância Sanitária.
A situação em Ponta Grossa é extremamente inquietante. A FMS destaca que os mutirões diários realizados pela Prefeitura, em diferentes setores de Ponta Grossa encontram situações preocupantes. Só nos dois primeiros dias de mutirão (segunda e terça-feira), foram encontrados ou removidos 419 criadouros e destruímos cerca de 400 focos do mosquito. O combate à dengue só será possível com a união e a conscientização de todos.
O comportamento tradicional da população é o relaxamento. Até um ou dois meses atrás, as pessoas negligenciavam o problema do Aedes aegypti. Agora que a dengue explodiu e talvez seja o pior ano em número de casos na nossa história, observa-se todo mundo preocupado e correndo atrás de água parada dentro de casa.
Especialistas alertam que mesmo que uma pessoa faça o dever de casa e elimine os criadouros, ela ainda poderá pegar dengue, porque o mosquito consegue voar por cerca de um quarteirão. A negligência de uma pessoa pode afetar todas as que estão ao redor. É preciso que o pensamento seja coletivo. O sinal de alerta está ligado.
O fato é que as campanhas educativas não vêm atingindo o objetivo de mudar o comportamento das pessoas em relação à água parada. Por conta disso, mais recursos permitiram à Prefeitura investir em novas tecnologias, como os drones, que mapeiam as áreas de difícil acesso que acumulam água.